quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Noite

Primeiro foi a Gambiarra. Improvisação de festa para diversão das massas. Catarse coletiva, experiência de libertação, ato de extravagância, deliciosamente desvairado. Euforia, como se a festa fosse algo maior que uma simples festa, de maiores e mais profundos espantos.
à volta, os olhos dos outros procuravam por olhos diferentes (ou iguais, na maioria). Os amigos novos, ganhos na festa, gente nova, cheia de vida, energia, vontade de viver, ali, um grande momento.
Eu só buscava os olhos de Capítu, que dançava feliz sobre um palco lateral. Braços estendidos, sorrisos e abraços com o amigo (não, não oferecia riscos, e mesmo que oferecesse, o que eu podia fazer? Ela é ímpeto e vontade, uma força da natureza, não uma simples mulher), vivendo um momento, esquecendo o marasmo da vida, deixando de lado os problemas, dançando consigo mesma.
Eu ali a olhar minha doce Capitu, dançando qual bacante em festa profana, deixando o corpo bailar, transpirar e eu, a suspirar. Danço com a mãe da Capitu, seus amigos, mas não tiro os olhos de seus olhos de ressaca.
Aprendi a beber cerveja. Aprendi a beber absyntho, aprendi um pouco mais. Dançar sem me preocupar. Aprendi que balada gay é muito mais respeitosa do que balada hetero. Aprendi a gostar dos amigos de Capitu.
Depois, não mais Gambiarra. Só eu e ela, um quarto onde chegamos às 5h e de onde saímos às 19h. Apesar da câimbra, do bater de cabeças, do puxar de cabelos, dos recados e ligações contínuas da mãe, apesar da chuva, nada mais importava. Só eu e ela, dentro daquele quarto, esquecidos do mundo, ouvindo aquilo que eu queria ouvir.
"Mete".
E com dedos, língua e pau, com desejo, vontade e um tesão louco, meti.
De frente, de lado, por cima, por baixo,ela, cansada e dolorida, gozando com minha língua, eu, cansado e dolorido, gozando nas suas costas, experimentando mais uma vez a minha buceta, apertada, molhada, pelada, tarada, louca por mais uma dose, mais uma comida, mais uma metida. Tempo estendido e continuamos a nos amar na cama redonda ouvindo a chuva tamborilando do lado de fora.
"Onde está? Que horas chega?", sogra cobrando. Sogro preocupado com Capitu. E a gente ali, lado a lado, desfrutando de um quarto perdido no acaso, ouvindo só o nosso respirar e nossos assuntos próprios. Ouvindo apenas uma ordem, a ordem de sempre, o imperativo mais forte que nós, a nossa vontade manifesta em palavras.
_ Mete na sua buceta.

4 comentários:

  1. qndo se está junto a atenção não pode ser dividida... sob pena de castigo.

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  2. Eu sei q não era a intenção, mas eu ri.
    Pq é o prosaico lá fora (do quarto), o lugar comum e o mundo e seu eterno girar e cobranças.
    Mas no quarto...
    Como nos "velhos tempo". Muito bom.
    Abraços, querido.
    Mônica

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  3. Sentimental:
    Castigo não... Chega de castigos. Só carinho vale a pena...

    Mônica
    Rir é o melhor remédio. Não era a intenção, mas como controlar a reação dos meus leitores, não é verdade? rs...

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