quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Apenas o fim

Este é o nome de um filme brasileiro bom. "Apenas o fim". Pois é.

Mais uma vez estou saindo. Em definitivo? Não. Pode ser que volte no futuro, quem sabe, não é?

Muito obrigado por todos que me leram e me acompanharam.

A todos, um adeus curto.

Aos que sabem onde me encontrar, me procurem por lá.

Aos que não sabem, jornalista.1981@hotmail.com que eu conto para vocês.

Até breve.

Casmurro

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Falo

Meu falo
Fala
A língua
Dela

Meu falo
Cala
A boca
Dela

(Sem fotografia porque estou postando de lanhou-se. Ninguém merece computador quebrado...)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Noite

Primeiro foi a Gambiarra. Improvisação de festa para diversão das massas. Catarse coletiva, experiência de libertação, ato de extravagância, deliciosamente desvairado. Euforia, como se a festa fosse algo maior que uma simples festa, de maiores e mais profundos espantos.
à volta, os olhos dos outros procuravam por olhos diferentes (ou iguais, na maioria). Os amigos novos, ganhos na festa, gente nova, cheia de vida, energia, vontade de viver, ali, um grande momento.
Eu só buscava os olhos de Capítu, que dançava feliz sobre um palco lateral. Braços estendidos, sorrisos e abraços com o amigo (não, não oferecia riscos, e mesmo que oferecesse, o que eu podia fazer? Ela é ímpeto e vontade, uma força da natureza, não uma simples mulher), vivendo um momento, esquecendo o marasmo da vida, deixando de lado os problemas, dançando consigo mesma.
Eu ali a olhar minha doce Capitu, dançando qual bacante em festa profana, deixando o corpo bailar, transpirar e eu, a suspirar. Danço com a mãe da Capitu, seus amigos, mas não tiro os olhos de seus olhos de ressaca.
Aprendi a beber cerveja. Aprendi a beber absyntho, aprendi um pouco mais. Dançar sem me preocupar. Aprendi que balada gay é muito mais respeitosa do que balada hetero. Aprendi a gostar dos amigos de Capitu.
Depois, não mais Gambiarra. Só eu e ela, um quarto onde chegamos às 5h e de onde saímos às 19h. Apesar da câimbra, do bater de cabeças, do puxar de cabelos, dos recados e ligações contínuas da mãe, apesar da chuva, nada mais importava. Só eu e ela, dentro daquele quarto, esquecidos do mundo, ouvindo aquilo que eu queria ouvir.
"Mete".
E com dedos, língua e pau, com desejo, vontade e um tesão louco, meti.
De frente, de lado, por cima, por baixo,ela, cansada e dolorida, gozando com minha língua, eu, cansado e dolorido, gozando nas suas costas, experimentando mais uma vez a minha buceta, apertada, molhada, pelada, tarada, louca por mais uma dose, mais uma comida, mais uma metida. Tempo estendido e continuamos a nos amar na cama redonda ouvindo a chuva tamborilando do lado de fora.
"Onde está? Que horas chega?", sogra cobrando. Sogro preocupado com Capitu. E a gente ali, lado a lado, desfrutando de um quarto perdido no acaso, ouvindo só o nosso respirar e nossos assuntos próprios. Ouvindo apenas uma ordem, a ordem de sempre, o imperativo mais forte que nós, a nossa vontade manifesta em palavras.
_ Mete na sua buceta.

Ela

Somos tão diferentes um do outro. Extremamente diferentes.
Vivências diferentes, experiências diferentes.
Sou mais velho, mas, perto dela, sou uma criança, aprendendo a dar prazer.
Aprendendo a fazer gozar. Errando mais do que acertando, como se eu fosse novamente virgem depois de anos de vida sexual.
Sou carinhoso, ela não.
No entanto há algo no toque da mão dela na minha que me deixa tranquilo.
Porém, quando a mão dela não está na minha, a insegurança volta.
Sim, verdade, não me sinto bom o bastante, experiente o bastante, maduro o bastante.
Sou um menino perto dela. E ela, no entanto, não parece se importar.
Mas acaba comigo não ter a segurança necessária para que ela possa sentir em mim aquilo que eu queria que ela sentisse. Queria que ela sentisse "este é o meu homem".
Mas sou um menino, como posso ser homem para ela?
Como posso se, no meio da paixão, no calor dos lençóis, enquanto o corpo dela treme e pede por mim, clama para que eu a invada, a penetre, eu não sei o que fazer?
Ela gosta da minha língua. Pois bem. Eu adoro chupa-la.
Ela gosta do meu pau. Pois bem. Eu adoro fode-la.
É isso que preciso saber. Para ser seu homem, preciso amadurecer. Preciso não ter medo de quando seus dedos não estiverem enlaçados nos meus. Preciso entender que ela vai, voa, viaja, mas volta.
Pois, por mais que eu seja um menino, insolente, inseguro, sem energia, eu sou o homem dela. Mesmo que eu não entenda. Ela me quer.

domingo, 5 de setembro de 2010

Ê...


Minha vez de sentir, Capitu...

Corro

Volto a correr, o vento na cara, os passos leves na orla de São Vicente. Não mais Santos.
Saio de casa e me deparo com a fábrica de vidro. Trânsito pesado em frente. Arfo, subo o caminho de terra que dá na linha do trem e dá acesso à avenida principal. A bermuda me corre na bunda, deixando a cueca cinzenta a mostra. Subo, tiro o celular do bolso e corro. Corro com vontade, sentindo meus pés batendo forte no chão de cimento da calçada irregular. Corro ao lado da fábrica de vidro, sentindo o cheiro da fumaça da rua, dos carros e dos transeuntes, cobertos de suor do dia quente que faz em São Vicente. Corro e compro um novo short para correr mais tranquilo.
Atravesso a rua do shopping correndo. Uma subida leve que me exige dos pulmões velhos um novo fôlego. "Vamos, pulmão dos infernos. Somos melhores que isso", penso comigo enquanto o coração salta da boca.
Doem as pernas, desacostumadas ao esforço. Doem os braços, em seu contínuo mover. Doem os ombros e dói o peito. Mais pelo coração, apertado que pelos pulmões forçados ao limite. "Ainda não. Ainda não posso parar", penso. Não paro. Só quando a dor do corpo vencer a dor da alma, a sensação de abandono e solidão que me tomam. Corro, corro pensando em mil coisas que caem a minha volta. "Porque?" é a pergunta. "Porque é tão difícil conseguir um trabalho?" "Porque dá tanto trabalho pintar um apartamento?" "Porque ela não me liga?"
Por isso eu corro. Corro para não ver passar o tempo sob meus pés. Correndo ele passa rápido, serelepe, dando-me golpes mais leves. Corro para não pensar, pois quando as pernas doem, os pulmões se comprimem, o diafragma vai ao limite, então o cérebro só se ocupa do ritmo, só se preocupa em conseguir oxigênio, só tenta compensar a dor das pernas. Corro para que a dor no corpo vença a dor no coração.
Mas não consegue. O corpo pede tempo. Faz tempo que não corro. Faz tempo que não morro. Quero morrer nos braços dela. Saco! Sheakspeare usava a palavra morrer como uma metáfora para o orgasmo. Sinto que preciso dela. Não só prá gozar, mas para dividir, para não precisar correr, para ter onde deixar minhas angústias, um porto onde meus problemas de mar profundo vão encontrar a paz necessária para serem vencidos.
Venço-me pelo cansaço. Derribo-me à beira do mar, olhando a rua que tinha que vencer, mas não venci. Sento, arfo, canso, penso. Não quero pensar, mas penso. Penso e conjecturo. Penso, conjecturo e não gosto de minhas conclusões. Estou colocando coisas na minha cabeça. Preciso correr mais. O Gonzaguinha não é o bastante, preciso do Itararé. Preciso correr ainda. Ainda tenho pernas, mas não tenho pulmões. Ainda tenho coração. Mas que droga! Podia não ter coração. Assim esta angústia no peito desaparecia. Podia não ter coração, nem escrúpulos, nem pensamentos. Podia ser feito de pernas e pulmões, uns pulmões novos que suportassem a dor do diafragma esticado. Uns pulmões sem fim, que aguentassem correr tanto quanto as pernas desejam correr. Uns pulmões eternos, que aguentassem até que as pernas se tornassem ossos cobertos do limo conquistado na jornada. Até que pudesse mostrar o caminho trilhado de milhas e léguas e quilômetros rodados atrás, com tudo deixado para trás, tudo deixado de lado. Tudo abandonado.
Não. Abandonado não. Tudo a se resolver. Agora não corro, agora penso. Penso e não gosto, não quero pensar. Não quero pensar que minha fama, agora, é de ladrão, que minha ex-esposa está dizendo que eu roubei coisas. Não quero pensar no apartamento para pintar. Não quero pensar no prejuízo que estou levando. Não quero pensar que ela não me liga.. Ela não me liga... Ela não me liga...
Preciso correr, mas agora as pernas não aguentam mais. Preciso correr, mas o corpo dói, os pulmões dóem e a angústia não sumiu. Preciso correr, mas para onde? Já estou perto de casa, subindo a linha amarela, quase no viaduto.
Sim, preciso vencer a subida do viaduto. quinze metros de ladeira íngreme. Quase a escadaria do fórum em Chicago para Rock Balboa. Era em Chicago que Rock se passava? Não lembro. Não lembro de nada. Só sei que preciso correr, preciso chegar lá em cima. Preciso vencer aquela última parte da jornada.
O corpo padece da teimosia da cabeça. Agora o corpo sofre porque a mente não quer cumprir seu papel? Desde quando uma parte do corpo pode falar "não quero mais trabalhar" sem que a pessoa esteja morta? A mente não quer mais. Não quer mais passar por aqueles pensamentos, não quer estar entulhada de pensamentos chatos, repetidos e irreais. Ela não liga porque está sem créditos. Não liga porque está sem tempo. Não liga porque não me quer mais? Não me quer mais? Será que não quer?
A ladeira se estica sob os pés. Passos trêmulos e incertos. Pisadas fundas, calcadas em joelhos vacilantes. Sinto o músculo da panturrilha chorando. Solto um grunhido, junto com o ar. Um kiai desesperado de um guerreiro em fim de luta. A brevidade dos quinze metros torna-se a demora de anos luz de distância. Não sei mais como alcançar o cimo. O cume é tudo o que quero agora, sem mais dor, sem mais angústia, sem mais perguntas. De repente, no meio da ladeira, um estado de paz de espírito me toma, uma sensação de prazer mentirosa e curta. Endorfina, minha velha amiga... quanto tempo... que prazer te ver por aqui. Quase sorrio quando sinto subir pela espinha aquele prazer liquefeito, resultado do suor, da dor e da pressão nos pulmões. Um novo ânimo, um fôlego renovado, passos fortes, decididos, um último grito antes de chegar ao alto da ladeira.
Agarro-me ao poste. Não sorrio. A mente voltou ao estado anterior. A mente voltou às perguntas. Voltou aos questionamentos. A endeorfina se foi após um breve afagar. Ah, prazer mentiroso e tôrpe, me engana com seu toque suave, mas não fica, não dura, como braços de mulher da vida, se estendem para longe ao primeiro sinal de que estamos sem dinheiro. Acabado, jogado do lado do poste, esticando para trás as pernas caimbrosas, arfo, mais uma vez e grunho, mais de raiva do que como libertação.
Mas eu venci a ladeira, corri mais que podia, levei meu corpo além do limite, exauri minhas forças, senti dores maiores e mais lancinantes do que antes.
Agora, mais do que nunca, quero morrer. Nos braços dela...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Molhada


Desvario estranho
Sentir seu gosto úmido
A molhar minha boca
Cascata de prazer
A enxarcar meus lábios
De querer

Ao teu abrir de pernas
Um rio de fúria a escorrer
De desejo que se verte
Inerte do teu ser
A ensopar tuas pernas grossas
E até no rabo sentir
O gosto da tua buceta
(Ou sera minha? Me perdi)

Esta obra da natureza
Mar caudaloso e salgado
A ensopar os lençóis
A correr, bravio e louco
Prá minha boca, teu gosto atroz
Teu gosto traz
O gosto de todos os ais

Tua (minha) buceta
Molhada de vontade de dar
E eu, duro, teso
Querendo saciar
Teu desejo
Teu querer
A umidade
Que te toma
Arrebata
E quase me mata
De vontade de ter
De vontade de meter.