domingo, 29 de agosto de 2010

Ontem

Ontem a vi. Bela, como sempre ela. A vi entre flores e meus sentimentos e minhas emoções apenas se concretizaram mais. A vi mais real, mais humana do que havia visto antes. A vi mais mau humorada, menos sorridente, e lutei para extrair um sorriso daqueles lábios bonitos. A vi mais minha do que nunca, e nunca antes fora minha realmente, não tanto quanto foi ontem, quando me dizia "nãos", não me negando seus carinhos, mas os diminuindo. Ontem ensaiamos a primeira discussão, discordamos sobre pontos desimportantes, como batatas palha, ou fundamentais, como meu comodismo.
Ontem a vi mais brava, sorrindo menos e vi que o que sinto é mais real do que antes. Ontem vi a verdadeira importância de seu sorriso para mim. Pude sentir o quanto me é caro te-lo. Desde a estação da Luz, quando olhou-me assutada até a estação de noite, quando me negou seus beijos, senti nela um desejo real de ter-me em seus braços, por mais que se negasse. "Não gosto de beijar em público". Preciso aprender a conviver com isso, eu, dado a arroubos públicos de demonstração de afeto e carinho, preciso ser mais discreto.
Perguntou-me se eu era carente de carinhos, pois o demonstrava todo o tempo. Não sei precisar o tamanho de minha carência. Não sei precisar onde termina a necessidade de carinho e começa a carência propriamente dita, mas sei que não se trata de querer suprir algo que me faltou (a essência da carência é suprir a falta de algo), pois tive carinho a vida inteira. Trata-se de gostar de carinho, gostar de beijar, gostar de abraçar, afagar, tocar. Não há sensação melhor que tocar a carne da mulher amada, sentindo seu calor, a delicadeza de sua pele, a umidade de seus lábios.

Minha amada é feita de lírios
Sua pele recebe carinhos
E suave fica ao ser tocada

Seus lábios, feitos de chuva
Ou águas de cachoeira
Queira ou não queira
Precisam ser beijados

Minha amada, feita de sol
De brilho se compõe o sorriso da minha amada

Lírios, chuva, sol e canção
Minha amada é a poesia
em sua mais plena encarnação


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