E foi isso que eu ouvi, com todas as letras e vontades do mundo, com todo desejo encubado ao longo de todo um mês.
"Mete".
Não um convite educado, com porta aberta e saudações. Não. Uma vontade poderosa e lasciva, mais poderosa do que nós mesmos. Uma vontade que nos dominava.
Com ela de quatro, cabelos negros jogados sobre as costas compridas, os dedos experimentando-se, esfomeada de mim, ela repetia.
"Mete. Mete na sua buceta".
Sim. Era minha. Eu a possuía. Mais que deixar-me penetra-la, ela me dava sua buceta, deixando-me fazer o que quiser a ela. Deixando-me penetra-la, sim, mas gozar dela a vontade. Molhada, apertada, nua, entregue. Aquela buceta, descaradamente recebia estocadas daquele pau.
Ela me deu, como quem dá uma flor de cheiro indescritível. Não como sendo algo para que eu consumisse e de que me retirasse depois, mas algo que, após consumado, ficaria impregnado em mim. Era-me dada aquela buceta, como quem dá uma estrela, o coração.
"Mete"
enfiei devagar, com gosto pela umidade, sentindo o aguar daquela buceta esfomeada sendo alimentada pelo pau que lhe comia. Nossos corpos não eram mais dois, mas um único, envolto em movimentos contínuos e ricos de beleza e equilíbrio.
Esconde o rosto quando vai gozar. Cobre os olhos e a boca com as mãos, quase como que querendo se esconder, mas revelando-se inteira, entregando-se inteira. Seus gemidos, seu respirar profundo, o tremor contínuo de suas pernas, a umidade que não cessava.
"Mete"
Ela falava, pedia, implorava e eu, com toda a força, satisfazia seu gosto, seu gozo era o meu prêmio, a minha buceta, aquela que ela me dera, era o meu brinquedo.
No depois, carinhos, abraços, um dormir de corpos colados, os pés se esfregando, o cheiro dela impregnado na pele. E, ainda hoje, ecoando nos ouvidos, o chamado do desejo que era imperativo em nós:
"Mete."